Na era pós-industrial em que nos encontramos, é urgente a procura de soluções para espaços devolutos, outrora símbolos de uma era industrial florescente que, por via de uma reconfiguração económico-social em curso, se transformaram em zonas desvalorizadas e abandonadas. Este é um cenário que impõe uma proposta concreta. Uma proposta conducente à produção de efeitos visíveis no seio da comunidade, renovadores, que chamem a si o mérito de estabelecer as necessárias pontes entre o passado e o futuro, salvaguardando uma memória que cristaliza em campos de objetivação e, ao mesmo tempo, criando um novo tempo de oportunidades, de comunhão de ideias, de adaptação a uma nova realidade.
A Fábrica ASA representa esse novo tempo. Um tempo que gera um espaço renovado não somente do ponto de vista físico, mas que abre em pleno as suas portas a um novo sentir cultural. É neste edifício industrial dos anos 60, edifício cheio de memórias e testemunha da história da região no século passado, que Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura apresentará grande parte do seu programa de criação artística e do seu serviço educativo.
O mês de março será, na ASA, palco de inúmeras intervenções artísticas: laboratórios de criatividade; espaços de ensaio e experimentação para criadores de teatro, dança e música; espaços partilhados de trabalho para atividades criativas onde o contacto permanente com outros profissionais e artistas potencia a capacidade de trabalho e de colaborações; espaço para oficinas jovens e espaço de acolhimento para visitantes. A Fábrica ASA possuirá uma Caixa Negra, um auditório, um estúdio de rádio, uma livraria, várias zonas expositivas e um ponto de acolhimento de Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura.
É precisamente num desses novos espaços, a Caixa Negra, que, a 9 de março, é apresentado um dos primeiros resultados de residência artística de artes performativas: LabOFilm &1: O Lamento da Branca de Neve, uma peça cénica e uma experiência de montagem cinematográfica da coreógrafa Olga Mesa que evoca ao mesmo tempo o poema de Robert Walser e a leitura do cineasta João César Monteiro. Com este projeto, Olga Mesa desenvolve a sua linguagem coreográfica graças aos jogos de enquadramento, ao cruzamento de planos-contraplanos e à montagem em direto. Estes procedimentos e esta gramática cinematográfica permitem propor ao público uma experiência única, carregada de sentidos à medida que o espetáculo avança.
No dia seguinte, sábado, 10 de março, o primeiro momento (Cruzamentos e Encenações) de Laboratório de Curadoria continua, abrindo-se à contaminação entre públicos, artistas, curadores e processos de criação. Um momento que se debruçará sobre interligações e formas de atração dos eventos e objetos artísticos, desenvolvendo-se a partir de uma reflexão sobre a criação interdisciplinar e privilegiando projetos fundados na ideia de comunidade criativa. Este espaço foi construído a partir da arquitetura performática do coletivo EXYZT/ConstructLab com coordenação de Alex Roemer; acolherá o projeto Sonores – Sound | Space | Signal e a residência do coletivo SOOPA; e contará com o design editorial da dupla Barbara Says..., assim como outros projetos convidados.
O dia 10 de março ficará também para a memória de Guimarães 2012 como um dia de inaugurações. Duas importantes exposições são desveladas:
COLLECTING, COLLECTIONS AND CONCEPTS
Comissariado por Paulo Mendes, o projeto tem como ponto de partida a ideia de coleção que passa pela utilização de obras que integram algumas das coleções institucionais públicas e privadas portuguesas como a Fundação de Serralves, a Culturgest/Caixa Geral de Depósitos, a coleção de fotografia BESArt – Coleção
Banco Espírito Santo, Museu do Chiado, EDP e outras. Coabitando com as obras recolhidas nas coleções existentes estará um importante conjunto de novas obras produzidas por artistas portugueses e internacionais para esta exposição.
O SER URBANO, NOS CAMINHOS DE NUNO PORTAS
A exposição constitui uma abordagem às diversas escalas e formas de pensar e fazer a cidade, tendo como fio condutor a vida e a obra do arquiteto e urbanista Nuno Portas. Personagem múltiplo e heterodoxo, Nuno Portas atravessou os momentos fulcrais da cultura urbana portuguesa do último meio século, produzindo obras de referência – no planeamento, na arquitetura, na escrita – que marcam e indexam as diferentes décadas. A exposição, comissariada por Nuno Grande, recorre a elementos de forte “visualidade”, com recurso à projeção de imagens (extratos de filmes, documentos históricos, entrevistas gravadas); à exibição de fotografias e textos digitalizados e impressos em grande escala (capas e páginas de livros ou revistas de época, conceitos e parágrafos emblemáticos); à exposição de caixas ou mesas de luz contendo objetos (slides, livros, instrumentos). Estes elementos são integrados em núcleos temáticos, encerrados em espaços multi-formais e multi-escalares, cuja visita se fará aleatoriamente (sem trajeto expositivo pré-definido) apelando à ideia de “deriva urbana” dentro do próprio recinto do evento.
Há um novo tempo.....de oportunidades.
Consulte, aqui, a timeline com todos os eventos do dia 10 de março.
NOTA: Sábado, dia 10 de março, haverá um autocarro que fará o percurso Palácio Vila Flor - ASA - Palácio Vila Flor. Este será efectuado a cada 30 minutos, entre as 18:30h e as 24:00h.